Entre as 10 mais importantes causas incapacitantes nos indivíduos, 5 são psiquiátricas, e, nessas, a depressão, especialmente a depressão maior unipolar, é a primeira delas.
Os que fazem o diagnóstico, quase sempre tratam mal, equivocadamente, usando benzodiazepínicos ou acertadamente antidepressivos, porém em dosagens inadequadas.
Em todos os quadros de patologia mental, existe, subjacente, alguma forma de piso depressivo.
As atuais condições competitivas de cada pessoa para conseguir um lugar ao sol propiciam o surgimento maior de sensação de fracasso pessoal, o que afeta severamente a auto-estima e daí o favorecimento para a eclosão de quadros depressivos.
É grande o número de depressões subclínicas, estados depressivos que não se manifestam de forma evidente, mas, sim, por meio de traços mais inaparentes como por exemplo: uma continuada apatia, uma aparente hipocondria, alcoolismo, transtornos alimentares, etc.
São de três tipos a depressão:
– Atípica: conhecida como depressão neurótica ou depressão reativa. Resulta de alguma forma de crise existencial, por razões internas ou externas. Não respondem bem à medicação;
– Endógenas: resulta de causas orgânicas e manifesta-se em sintomatologia mais típica, adquirindo características unipolares (unicamente depressiva) ou bipolares (depressão e manias). Apesar de serem endógenas podem ser desencadeadas por fatores ambientais, assemelhando-se qualitativamente à depressão atípica;
– Distímica: depressão crônica.
Fazer um diagnóstico diferencial com outros estados que apresentam manifestações semelhantes mas que são de origens diferentes como:
– tristeza: indica um estado de humor afetivo;
– luto: período de elaboração de perdas de um objeto amado;
– melancolia: causada por objeto perdido, por morte, abandono que foi processada de forma muito conflitada;
– posição depressiva: estado mental adquirido no decurso da análise que embora penoso é bastante positivo pois denota uma integração dos aspectos dissociativos de sua personalidade, reconhecer seu quinhão de responsabilidade e de eventuais culpas;
– depleção: percepção de faltas e vazios existenciais que estão à espera de serem preenchidos;
– desmoralização: estados mentais nos quais existe uma auto-estima baixa com sensações de fracasso e de humilhação.
Os sintomas variam de graus e formas desde as leves até as gritantes com psicóticos delírios de ruina e com alto risco de suicídio. Sentimentos culposos sem causa definida, exacerbada intolerância a perdas e frustrações, alto nível de exigências consigo mesmo, extrema submissão ao julgamento dos outros, baixa auto-estima, autodenegrimento, sentimento de perda do amor por parte de todos, sensação de ser fracassado e de que nada mais vale a pena, permanente estado de que existe um desejo que jamais será alcançado.
Principais causas:
– depressão anaclítica: resulta de um primitivo “vazio de mãe”;
– identificação com o objeto perdido: um luto mal elaborado de objetos cuja sombra recai sobre o ego (o ego se identifica com características do objeto pedido como sendo ele mesmo) instalando quadros melancólicos;
– depressão por perdas: de objetos importantes , prematuramente, traumáticas e significativas ou perdas de partes do ego como acontece no envelhecimento (perda de vigor físico, concentração, memória);
– depressão pro culpas: causada pela ação punitiva de um ego tirânico;
– identificação patógenas: identificação com a vítima;
– rupturas com papéis designados: a depressão provém de um ego ideal, que obriga o sujeito corresponder aos inalcançáveis ideais que o seu narcisismo original exige ou também de ideal de ego, com as expectativas grandiosas que os pais e o ambiente depositaram, atribuindo papéis que ele deverá executar pelo resto da vida caso contrário, despertarão nele sensação de traição, vergonha e humilhação;
– depressão decorrente do fracasso narcisista: uma resposta ao fracasso “na posição narcísica” diante de enormes demandas de obtenção de êxitos, sucessivos, dinheiro, poder, prestigio, etc.;
– pseudodepressão: como forma de se proteger de:
– inveja retaliadora dos demais;
– receio de provocar depressão em quem o inveja;
– medo de ter de ser o provedor, exigido, cobrado e sugado;
– uma forma de parecer ser um sacrificado, sofredor, uma espécie de passaporte para merecer o amor dos demais.
O objetivo da psicoterapia, mesmo sendo necessária a ajuda de psicofármacos, é a de que seja identificada o tipo de depressão existente e a partir daí utilizada a técnica necessária para a correção da visão em cada tipo.
Pesquisa Manual de David E. Zimerman – Iara Walkiria Belfort Rolim