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Caminhando pelo processo do luto, da perda

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Caminhando pelo processo do luto, da perda 2

O ser humano e os vínculos

Desde o início da vida, o ser humano depende do outro para existir, crescer e amadurecer. O amor, o cuidado e a atenção que recebemos formam vínculos de segurança, que nos ajudam a enfrentar os desafios da vida.
Por isso, quando perdemos alguém importante, sentimos um impacto profundo: não se trata apenas de saudade, mas de uma reação emocional natural à ausência de quem foi parte da nossa vida e história.

Quando perdemos alguém

A morte de uma pessoa querida desperta reações intensas. É comum sentir ansiedade, tristeza profunda, protesto ou até raiva. O corpo também reage: pode faltar energia, vir o aperto no peito, o vazio no estômago ou a sensação de que nada parece real.
Essas manifestações fazem parte do processo natural chamado luto. Ele é uma resposta saudável à perda, ainda que dolorosa.

O luto é um processo

O luto se parece com uma cicatrização: leva tempo, exige cuidado e adaptação.
Nesse período podem surgir:

  • Sentimentos: tristeza, raiva, culpa, desamparo, choque, alívio, saudade.
  • Sensações físicas: falta de ar, fraqueza, aperto no peito ou na garganta, boca seca.
  • Pensamentos: descrença, confusão, lembranças constantes, sensação de presença do falecido.
  • Comportamentos: choro, isolamento, agitação, alterações no sono e no apetite, busca de objetos ou lugares ligados à pessoa que partiu.

Nem todos vivem o luto da mesma forma. Cada pessoa tem seu tempo e intensidade próprios.

As tarefas do luto

Pesquisadores do tema descrevem que o luto envolve algumas tarefas de enfrentamento. Cumpri-las não significa esquecer quem partiu, mas aprender a viver de uma nova forma:

  1. Aceitar a realidade da perda
    Reconhecer que a pessoa faleceu e não voltará.
  2. Permitir-se sentir a dor
    Viver a dor é necessário. Evitá-la ou tentar suprimi-la pode prolongar o luto.
  3. Ajustar-se a um mundo sem a pessoa amada
    • Externo: mudanças na rotina e no cotidiano.
    • Interno: redefinir quem somos sem a presença da pessoa.
    • Espiritual: revisar crenças, valores e sentido de vida.
  4. Encontrar uma nova forma de vínculo
    Continuar lembrando e honrando a pessoa querida, sem que isso impeça de seguir vivendo.

O papel da ajuda

Na maior parte dos casos, acolhimento, apoio familiar, amigos e um conselheiro podem sustentar a caminhada do enlutado.
Quando o sofrimento se prolonga ou paralisa a vida (aproximadamente 10 a 15% das pessoas), pode ser necessário buscar terapia especializada para o luto.

Caminhando adiante

O luto não segue uma linha reta. Às vezes, parece que já passou, mas ele pode reaparecer em datas especiais, lembranças ou situações inesperadas. Isso é normal.
O fim do luto não significa “esquecer”, e sim reencontrar um modo de viver com a ausência, guardando o amor e as memórias.

Uma reflexão

Uma viúva que perdeu também o filho disse certa vez:
“A dor nunca vai embora completamente. Ela volta. Mas hoje consigo lembrar também dos intervalos de paz entre uma onda e outra.”

Sigmund Freud escreveu a um amigo que havia perdido o filho:
“Encontramos um lugar para aquilo que perdemos. Podemos continuar inconsoláveis, pois nada substitui o que se foi. Mesmo que o vazio seja preenchido, será sempre de outra forma.”


Lembre-se:
O luto é uma prova de que amamos profundamente. Cuidar de si mesmo nesse processo é também uma forma de honrar quem partiu.

Dra. Iara Walkiria Belfort Rolim

Autora Dra. Iara Walkiria Belfort Rolim

Psicóloga Clínica especializada em Estresse Pós Traumático (TEPT), Grafóloga, com mais de 30 anos de experiência no atendimento de "borderline"; ansiedade, depressão, problemas de relacionamento, fobia social, "burnout"; despersonalização; procrastinação; autoestima baixa; envelhecimento e luto.

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