Skip to main content
Psiara Artigos Fobias 01

Fobia

Um transtorno de ansiedade

O psiquismo comporta-se de forma reticular, um determinado estímulo, como um circuito em uma rede, conecta-se com primitivas lembranças traumáticas que foram significadas com terror, na infância.

A estrutura fóbica costuma ser multideterminada e variar de uma pessoa para outra, tanto em intensidade quanto em qualidade, desde a mais simples e facilmente contornável até as mais complicadas e às vezes incapacitantes e paralisantes.

Alguns traços fóbicos na personalidade (formas de inibições ou encobertas por expressões amenas como timidez ou pouco sensível) ou uma caracterologia fóbica como evitação de conduta aliada a um típico evasivo estilo de comunicação e de lógica ou ainda uma neurose fóbica até o extremo de uma psicose fóbica.

É grande o contingente de pacientes com algum grau de fobia como manifestação única ou associada com outros quadros como histeria, obsessão, paranóia, que andam sempre juntas.

É importante o diagnóstico diferencial entre as fobias que sempre vem acompanhadas por uma intensa “angústia-pânico” e quadros clínicos similares que se manifestam no transtorno do pânico. Nem sempre é fácil a distinção entre elas contudo um critério útil é que na fobia há a presença de uma circunstância (certo objeto, local, alguma cena…) bem determinadas, bastando evita-la para que a angústia cesse; enquanto que no transtorno de pânico é mais difícil correlacionar a origem desencadeante da crise de angustia (geralmente com a duração de menos de 1 hora). Nesse transtorno ocorre um pavor do paciente vir a sofrer o estado de pânico e para isso faz evitações de muitas situações gerando, secundariamente, um estado de fobia.

As causas são:

  • Angústia de castração (fase edipiana);
  • Sempre está presente alguma forma de ansiedade de aniquilamento e sobretudo de desamparo;
  • Existe uma permanente simbolização e deslocamento da ansiedade, uma cadeia de significantes, como fios em uma rede (exemplo: o medo do escuro pode estar associado a um medo primitivo de perder contato com a mãe, a fobia por animais pode estar associada com um pai, representado como um animal feroz que pode devorar, etc.);
  • No passado houve uma relação simbiótica com a mãe, que causou prejuízos na resolução das etapas da fase evolutiva da “separação-individuação”;
  • A patologia da fase de separação-individuação promove uma dupla ansiedade:

  • de engolfamento – resultante do medo do paciente em chegar perto demais e absorver ou ser absorvido pelo outro;
  • angústia de separação – resultante do risco imaginário de perder o objeto e por isso cria um espaço fóbico para a sua movimentação que não é nem perto e nem longe demais das pessoas de que necessita.

Pode ocorrer identificação com a fobia dos pais, o mais frequente é com a mãe. Por isso é significativo conhecer o discurso dos pais (cuidado, é perigoso, faz mal, eveite chegar perto, etc.) que refletem uma excessiva carga de identificações projetivas dos temores deles, na mente da criança.

Características:

  • sistematização da angústia original (castração) deslocada sobre pessoas, coisas, situações e atos que se constituem como “objetos fobígenos”, causando terror paralisante;
  • é uma reação irracional e persiste frente a objetos, pessoas ou situações específicas e causa a evitação das situações fobígenas por meio de dissimilações e condutas evasivas, com sucessivas fugas racionalizadas, de tudo o que por antecipação, angustia;
  • os estados fóbicos vem acompanhados de manifestações paranóides ou obsessivas, além de sempre, estarem encobrindo uma depressão subjacente;
  • além da clássica explicação da existência de uma sexualidade conflitada, existe uma má elaboração das pulsões agressivas. Há uma acentuadas tendência a manifestações de natureza psicossomática;
  • a situação exterior fobígena (medo de elevador, avião, etc.) é o cenário onde estão sendo projetados, deslocados e simbolizados (por meio da rede de significantes), os aspectos dissociados das pulsões e de objetos internos, representados no ego como perigosos;
  • muitas vezes a fobia não aparece manifestadamente e só é detectada pelo seu oposto (contrafobia), que realiza de um modo exagerado, exatamente aquilo que se teme, com o fim de driblar a angústia;
  • os acompanhantes de certas fobias como a claustrofobia e a agorafobia, acabam por manifestá-las o que explica  a sua perpetuação pro sucessivas gerações em uma mesma família;
  • a fobia social, uma fobia  que passa desapercebida por ser considerada um traço de caráter como, timidez, onde se manifestam diversas racionalizações, evitando com isso o convívio social e quando é necessário o enfrentamento, ocorre um male star, alheiamento a tudo e o foco fica em sair dali logo;

O caráter fóbico tem como aspectos:

  1. um permanente estado de alarme ante possíveis perigos (resultantes da projeção no espaço exterior de suas pulsões perigosas e ameaçadores objetos internos) ;
  2. faz com que o paciente se defenda com condutas de auto-suficiência e com atitudes rígidas e estereotipadas.

Na fobia uma constante atitude de fuga aparece de duas formas:

  1. uma atitude passiva que leva a condutas inibitórias;
  2. uma atitude passiva que leva a condutas contrafóbicas.

A evolução da fobia acontece de 3 formas:

  1. pode estabilizar-se;
  2. pode adquirir um caráter progressivo;
  3. pode desaparecer espontaneamente devido ao tratamento analítico.

Tratamento psicoterapêutico:

O tratamento desses pacientes é muito demorado devido às desistências ou mesmo o retardamento causado pelo medo do paciente ficar dependente do  analista ou então pode continuar por um longo período. Nesse tratamento são feitas intervenções cognitivas que possibilitam ao paciente o conhecimento das causas das fobias e também, além e outras técnicas, intervenções sugestivas-diretivas onde é estabelecido uma aliança com o ego sadio do paciente.

Fonte: David E. Zimerman

Dra. Iara Walkiria Belfort Rolim

Autora Dra. Iara Walkiria Belfort Rolim

Psicóloga Clínica com 30 anos de experiência, pós-graduada em Estresse Pós Traumático (TEPT), Palestrante e Grafóloga.

Mais posts por Dra. Iara Walkiria Belfort Rolim

Deixe um Comentário

× Quer ajuda?