Relacionamento a Dois
Todos, desde o nascimento querem se sentir amados incondicionalmente. Quando crianças o amor tem a forma de se sentir cuidado, protegido, alimentado e ouvido. Quando chega a maturidade, o amor se transforma apenas um pouco envolvendo nesse período o encontro da intimidade sexual, mas a essência continua a mesma.
O ser humano é um ser social e dependente emocionalmente do outro pois leva-se 9 meses de gestação e mesmo depois do nascimento exige-se cuidados atenciosos pelo menos até os 3 anos onde pressupõe-se se estejam desenvolvidas algumas compreensões e autodefesas.
Cada fase, infância, juventude, adolescência, maturidade e velhice do Ciclo da Vida tem suas exigências que precisam ser cumpridas para que o desenvolvimento se faça em perfeita harmonia e equilíbrio. Em sendo assim, a criança em sua infância, aprende a se cuidar, conviver com os pais, entender determinadas regras para se viver em família em grupo que se inicia na escola, a ler e a escrever; na juventude e adolescência tem de aprender a lidar com sua nova forma física que se transforma em função do surgimento de hormônios, definir sua vocação e interesse profissional e escolher seu companheiro para a construção de sua família; em sua maturidade, se independer financeiramente e cuidar agora de sua própria família e em sua velhice aprender a lidar com as perdas causadas pelas mudanças nessa fase de vigor físico, afastamento dos filhos que se casam, perda de trabalho, diminuição do poder econômico e muito das vezes doenças mais graves, perda do companheiro de amigos e preparação para a morte física.
Desde a infância as pessoas começam a desenvolver crenças, formas de pensar sobre si, sobre os outros e sobre o mundo. A essência, o mais profundo dessas crenças não são ditas e podem ser positivas, negativas (sentimentos de desamparo, de não se sentir amado) ou uma mistura das duas e as negativas podem vir à tona em momentos difíceis e estressantes.
Como o tema a ser discutido é o casal, quando na juventude/adolescência a escolha do companheiro de vida é feita levando-se em conta muitos dos ensinamentos obtidos e internalizados da convivência familiar desde a infância juntamente com os aspectos sociais e culturais do meio em que se vive. Esse período demarca o início da família. Muitos dos objetivos em se ter um companheiro, de qual maneira será o relacionamento, qual a exigência de personalidade que ele deverá ter, como deve ser a constituição da futura família, além dos aspectos inconscientes adquiridos na observação e convivência com os pais são construídos e exigidos para a decisão a ser tomada são as chamadas crenças.
Essas crenças foram sendo apreendidas através de exemplos , das dinâmicas familiares, expressões faciais e gestos não só a partir da comunicação verbal. Estes modos de pensar, sentir e agir ficaramm inconscientes.
Feita a escolha do parceiro e confirmada as expectativas dessa fase, o casal passa a viver junto e é criado um vínculo que será alimentado pela convivência, nos dois primeiros anos é a chamada “lua de mel”, tudo está perfeito, nada a reclamar ou a modificar no relacionamento contudo a vida em seu eterno sob e desce vai criando situações onde os interesses individuais entram em conflito e outra forma de relacionar-se vem à tona e nessa fase começam a ocorrer os desencontros, as mágoas a falta de comunicação, as brigas, as provocações, os abusos emocionais e tantos outros conflitos, entre os parceiros.
O vínculo do casal tem como característica os acordos conscientes e inconscientes formados, que são os pactos, normas e regras a serem seguidas de maneira a possibilitar uma nova organização mental e unificar mentalmente o casal.
Muito dos desencontros acontecem quando vem à tona na avaliação da situação modelos aprendidos na família de origem, de maneira inconsciente, automaticamente, sem reflexão, a respeito da atitude que deve ser tomada para a escolha de uma melhor decisão.
A vida psíquica é transgeracional e consiste no que se herda dentro de uma cadeia de gerações que a precederam em termos de dinamismo psíquico que pode ou não ser elaborado e transformado. E cada um do casal tem a sua.
A dificuldade em reconhecer a diferença com que o outro enxerga a mesma situação e a dificuldade em aceita-la é um dos maiores obstáculos para o encontro dos parceiros.
Para entender o que está acontecendo que afasta os parceiros é necessário entender o que os aproximou:
- muitos querem um relacionamento estável para o futuro;
- o parceiro(a) é idealizado;
- muitos não querem viver sozinhos;
- muitos sentem que encontraram o amor verdadeiro;
- outros tantos sentem-se apaixonados e não podem viver sem o outro;
Para entender melhor o que é o sentimento de amor, e de paixão:
– Amor é um sentimento de se estar pleno, feliz e satisfeito com nosso estar no mundo, ele não é negociável “ele é ou não é”, ele é profundo, intimo sem ser invasivo e cada vez que amamos a alguém com toda a intensidade e sinceridade esse alguém por se sentir pleno nos devolve o amor em abundância. Amar não significa anular o que se é, para ser aceito pelo outro, e sim criar uma convivência onde a singularidade de cada um é respeitada e aceita. Cada um aprende uma forma de amar e demonstrar amor nem sempre correta e não é saudável ver o outro segundo a nossa expectativa do que acreditamos ser o outro.
– A paixão (do verbo “patior” que significa sofrer ou suportar uma situação difícil) é um sentimento muito forte e intenso de atração por uma pessoa, objeto ou tema chega as vias do patológico, do doentio. Ela faz com que o apaixonado perca a sua individualidade, ele vive em função da paixão pelo outro. Contudo essa forma de amar vai se esvaindo com o tempo chegando até a se transformar em um sentimento oposto de asco, ódio e repulsa. É pois apesar de intenso é passageiro. Pode às vezes também se transformar em um calmo amor. A manifestação dela é confirmada quando:
- – a atenção e interesse da vida está no parceiro;
- – o coração fica acelerado, a pressão sanguínea aumenta;
- – as mãos tremem, ficam frias e suadas;
- – a boca fica seca;
- – a sensações “de frio na barriga”;
- – emagrecimento;
- – diarréia;
- – aumento de adrenalina e cortisol no sangue;
Existe atualmente um número muito grande de casais que estão em relacionamento conflituoso como:
- falta de afeto;
- comunicação desencontrada e ofensiva;
- falta de confiança;
- crenças distorcidas sobre convivência;
- expectativas irreais;
- percepções negativas;
- idealizações e desilusões;
- imposição de regras rígidas;
- distorções cognitivas;
- hostilidades;
- falta de contato sexual;
- resistência à mudanças;
- infidelidade;
- Atitudes narcisistas;
- falta de limites.
Pensamentos automáticos:
São pensamentos que surgem de repente e que geram uma emoção, que não são decorrentes do raciocínio, muitas vezes são falsos ou parcialmente verdadeiros, são derivados das crenças, regras e pressupostos criados para lidar com as ideias negativas e desadaptativas que desenvolvemos sobre si mesmo.
O que perturba a mente não são os fatos e sim a interpretação que se faz deles. A mente é um grande depositário de representações de situações vivenciadas no passado. Muitas interpretações são percepções distorcidas, equivocadas de situações externas e as principais são:
- Pensamento tipo tudo ou nada, polarizado ou dicotômico onde a situação é vista de duas maneiras e não como um contínuo;
- Catastrofisando ou advinhando o futuro negativamente sem considerar outras possibilidades;
- Desqualificando as experiências positivas não considerando as experiências e os atos positivos na avaliação da situação;
- Argumentação emocional, algo deve ser verdade porque é sentido mesmo as evidências mostrando o contrário;
- Rotulando, colocando um rótulo global e fixo sobre si mesmo ou os outros sem considerar as evidências de que a conclusão poderia ser menos desastrosa;
- Magnificação/minimização: a avaliação irracional do negativo em magnífico e a minimização do positivo;
- Filtro mental ou abstração seletiva, prestar atenção indevida a um detalhe negativo em vez de considerar o quadro geral;
- Leitura mental, saber o que os outros estão pensando falhando em considerar outras possibilidades mais prováveis;
- Supergeneralização onde é tirada uma conclusão negativa radical que vai muito além da situação atual;
- Personalização é acreditar que os outros estão se comportando negativamente por causa de si mesmo;
- Ideia pré estabelecida sobre como a pessoa e os outros deveria se comportar e quando não realizadas essas expectativas o quanto ruim é a situação;
- Visão de um túnel, apenas se vê os aspectos negativos de uma situação.
Portanto, resolução inadequadas de conflitos e que se não forem tratados a tempo desencadearão transtornos mais sérios como os de ansiedade e depressão.
Quando o casai resolve buscar a ajuda de um psicólogo em geral não sabe identificar o real motivo do desencontro na relação e em geral a causa está no outro parceiro.
Objetivo da psicoterapia:
Através da utilização de princípios e técnicas científicas:
– Identificar as expectativas inconscientes, a leitura das intenções e interpretação dela, rotulação negativas do outro e torna-las consciente esclarecidas de maneira a que, cada um dos parceiros perceba e compreenda a dinâmica psicológica projetada de um para o outro e que possam com isso limitar a produção de comportamentos advindos de pensamentos que causam reações emocionais destrutivas e comportamentos prejudiciais ao relacionamento e aumentando o distanciamento e a possibilidade de um encontro harmônico do casal;
– Oferecer com a intervenções feitas, nova perspectiva para a melhora do relacionamento corrigindo as interações menos assertivas;
– transformar o casal conflitado em um casal funcional que seja mais assertivo que se complementem e não se chocam com interesses conjuntos além de sentirem um bem estar em seu relacionamento de casal por envolver traços como:
- Iniciativa, independência, objetividade, criatividade, humor e flexibilidade;
- Cooperação e altruísmo;
- Que se utilize da intuição, justiça e espiritualidade.